Revolução Constitucionalista de 1932: 93 Anos de um Grito por Constitucionalidade

 

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Revolução Constitucionalista de 1932: 93 Anos de um Grito por Constitucionalidade


Em 9 de julho de 2025, completam-se 93 anos de um dos episódios mais marcantes da história brasileira: a Revolução Constitucionalista de 1932. Este conflito armado, que irrompeu no estado de São Paulo, representou o ápice da insatisfação paulista com o governo provisório de Getúlio Vargas, que havia assumido o poder nacional após o golpe de Estado da Revolução de 1930.


O principal objetivo das forças paulistas era derrubar Vargas e exigir a promulgação de uma nova Constituição para o Brasil. A agitação no país era palpável. Entre as medidas de Vargas que geravam grande descontentamento, estava a redução da influência das oligarquias regionais sobre os estados, um pilar da antiga República Oligárquica. Os paulistas, tradicionalmente detentores de grande poder político e econômico, sentiam-se marginalizados e viam a ausência de uma Constituição como uma ameaça à ordem democrática e à autonomia estadual.


O Início do Conflito


A tensão crescente no estado de São Paulo atingiu seu ponto de ebulição em 9 de julho de 1932, quando as tropas paulistas se levantaram em armas contra o governo federal. Essa data marca o início oficial do conflito, mas os acontecimentos que o precederam já indicavam o caminho para a luta armada. A Faculdade de Direito da USP (FDUSP) teve um papel central e emblemático nesse movimento. Do seu histórico Pátio das Arcadas, saiu o primeiro contingente de civis armados que se uniram às tropas paulistas, simbolizando o engajamento da sociedade civil, e em particular da intelectualidade e dos jovens estudantes, na defesa dos ideais constitucionalistas.


O assassinato dos estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo – o MMDC – em 23 de maio de 1932, durante um confronto com as tropas governistas, foi o estopim que galvanizou a população paulista e impulsionou a adesão à causa constitucionalista. Esse evento trágico transformou-se em um símbolo da luta e da resistência, e a sigla MMDC se tornou o lema do movimento. O Pátio das Arcadas, hoje, abriga um monumento em homenagem ao MMDC, perpetuando a memória desses jovens heróis.


O Fim da Revolução e seu Legado


A Revolução Constitucionalista foi um conflito intenso e sangrento, com combates que se estenderam por 87 dias. Apesar do forte engajamento popular e da organização das forças paulistas, que incluíram civis e militares, as tropas governistas, com maior poderio bélico e logístico, conseguiram gradualmente cercar e desgastar os revoltosos.


O conflito chegou ao seu fim em 2 de outubro de 1932, quando as forças paulistas assinaram a rendição em Cruzeiro, no interior de São Paulo. A derrota militar, contudo, não significou o fracasso total dos ideais constitucionalistas. Embora a Revolução não tenha atingido seu objetivo imediato de derrubar Vargas, ela foi crucial para acelerar o processo de redemocratização e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.


Em 1934, uma nova Constituição foi promulgada, atendendo em parte às demandas dos revoltosos por uma ordem jurídica estável e pela limitação do poder central. A Revolução de 1932, portanto, não foi apenas um levante armado; foi um grito potente por legalidade, autonomia e representatividade, que deixou uma marca indelével na memória e na política brasileiras. A data de 9 de julho permanece como um lembrete da importância da vigilância cívica e da busca incessante por um Estado de Direito. O sacrifício dos paulistas, embora não tenha alterado o curso do governo Vargas de imediato, foi fundamental para pavimentar o caminho para a redemocratização do país.


Vitor Santos é escritor e jornalista

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